35. O Ramal São Gonçalo do Sapucaí.

Chegamos a descrever que a mineração teve relação direta com o povoamento da região de São Gonçalo do Sapucaí. Saindo de Campanha do Rio Verde (Campanha-MG) a passagem por São Gonçalo do Sapucaí representava uma rota de passagem, sentido Sant´Ana do Sapucaí (Silvianópolis-MG). O objetivo final, segundo estudos do trajeto de Francisco Martins Lustosa, citado como fundador de Ouro Fino, era utilizar os marcos naturais do terreno como referência ao processo de exploração territorial. Assim, o Rio Sapucaí é descrito como marco geográfico responsável por boa parte do caminhos dos antigos bandeirantes por essa região, no sentido de Ouro Fino.

Imagem da locomotiva saindo de Campanha no sentido de São Gonçalo do Sapucaí, após década de 1930. Imagem do arquivo do pesquisador Daniel Paiva Santos.

Imagem que retrata provável Inauguração do ramal Campanha. Possível imagem do final do século XIX. Imagens do arquivo do pesquisador Daniel Paiva Santos.

Hoje em dia ainda é possível observar o leito ferroviário do antigo ramal quase que paralelo a BR-381 (Fernão Dias), na região de Palmela.

Parte dos antigos caminhos do ramal São Gonçalo seguiam quase parelelos a atual BR-381 (Fernão Dias). Foto: R. Fraga/ Projeto M. Maria

Os caminhos de ferro dessa região nasciam em Campanha-MG (Km 86 da Estrada de Ferro Muzambinho). 

Aqui começava o ramal São Gonçalo do Sapucaí. Estação de Campanha (Km 86) do antigo ramal Muzambinho. A estação foi inaugurada em 1894, ponto final dessa porção do ramal Muzambinho. Foto: R. Fraga/ Projeto M. Maria

Até a expansão do ramal Campanha, sentido São Gonçalo, a foto (acima) representava o ponto final do ramal ferroviário até 1930. A estação de campanha tinha um segundo andar com um cobertura para o pernoite da locomotiva. Imagem do arquivo do pesquisador Daniel Paiva Santos.

Em 1931 a Rede Mineira de Viação (RMV) decidiu prolongar o ramal ferroviário de Campanha até São Gonçalo do Sapucaí. 

Região próxima a Palmela. Por aqui seguia o antigo ramal São Gonçalo do Sapucaí. Foto: R. Fraga/ Projeto M. Maria.

Seriam construídos 31 Km que iriam percorrer as estações de Palmela, Dom Ferrão (Antiga Xicão) e finalmente São Gonçalo, após a passagem por, pelo menos, 4 pontilhões.

O Maior pontilhão do antigo ramal cruzava um afluente do Rio Palmela. Local próximo a antiga estação Dom Ferrão (Km 105). Foto: R. Fraga/ Projeto M. Maria

Existe uma citação de utilização de bondes elétricos antes de 1931 no mesmo trajeto posteriormente utilizado pela RMV, citando o Rio Palmela como ponto final. A informação, não confirmada, contradiz com uma imagem de um pequeno transporte sobre os trilho com tração animal.

Foto na região de São Gonçalo do Sapucaí, próximo a Palmela. É possível observar a tração animal no deslocamento sobre os trilhos que antecedem a chegada da RMV em 1931. Foto: Arquivo Público Minas Gerais.

Dom Ferrão (Km 105), antiga Xicão, tem relação próxima com uma antiga usina Elevatória que até hoje é possível identificar as ruínas no local. Chama a atenção a imponência do local, confundido hoje em dia com a sede da estação ferroviária.

A antiga Usina Elevatória era destinada a exploração aurífera na região. A Usina estava localizada próxima a estação Xicão, futura Dom Ferrão.  Foto: R. Fraga/ Projeto M. Maria

A usina Elevatória seguramente utilizava a água proveniente do Rio Palmela, ou de afluente local, na lavagem da terra e exploração aurífera naquele ponto. A empresa Xicão Gold Mining, antiga mineradora local, foi uma promotora da chegada do trem até a região. Existe também descrito a relação entre a Xicão Gold Mining e a imponente ponte Pênsil Afonso Pena, inaugurada em 1911.

 

Local onde repousa a velha elevatória. A ferrovia seguia pela estrada de terra no sentido de São Gonçalo. A foto (abaixo) no mesmo local. Foto: R. Fraga/ Projeto M. Maria

Região da estação Dom Ferrão, local próximo a Usina Elevatória existente na região. A exploração aurífera na região utilizava o modelo de extração do ouro de aluvião.  Foto: Arquivo público de Minas Gerais.

A estação de Dom Ferrão estava localizada próxima ao pontilhão daquela região. Trata-se do maior pontilhão do ramal, sentido São Gonçalo(foto acima). Não cheguei a identificar as ruínas da estação ferroviária Dom Ferrão. 

Pelos caminhos do ramal São Gonçalo do Sapucaí. Foto próxima ao Km 110.  Foto: R. Fraga/ Projeto M. Maria

E por aqui seguia a bela Maria Fumaça pelos caminhos de ferro. Muitos ainda ouvem seu barulho pelas noites escuras.  Foto: R. Fraga/ Projeto M. Maria

A Estação Ferroviária de São Gonçalo guarda características que muito lembram as estações de Três Pontas-MG e Santa Rita do Jacutinga-MG, com estilo arquitetônico semelhante no formato dos telhados, posição das madeira e janelas.

Grupo de escoteiros próximo a estação de São Gonçalo do Sapucaí. A estação com característica típicas do modelo utilizado na época pela RMV. Modelo muito semelhante às características arquitetônicas de Santa Rita do Jacutinga e Três Pontas. Foto: Contribuição do pesquisador Daniel Paiva Santos.


Foto descrita como o último trem do ramal. Populares fazem um manifesto próximo ao trem na iminência do encerramento de suas atividades. Fato semelhante foi registrado na extinção do ramal de Três Pontas. Foto: Contribuição do pesquisador Daniel Paiva Santos.

Foto na região de São Gonçalo do Sapucaí. Nesses caminhos correram às máquinas de ferro entre 1931 e 1964. Mais um ramal de nossa região extinto na década de 1960 a exemplos de tantos outros; Paraisópolis, Delfim Moreira, Três Pontas. Foto: Contribuição do pesquisador Daniel Paiva Santos.

A bela estação no centro de São Gonçalo do Sapucaí. O busto do Senador Manuel Alves de Lemos repousava próximo a estação. Foto: Arquivo Público de Minas Gerais.

Não existe mais a bela estação. Na praca repousa o silêncio e a saudade.  Foto: R. Fraga/ Projeto M. Maria.

Busto do Senador Manuel Alves de Lemos ainda está na praça, em um outro local.  Foto: R. Fraga/ Projeto M. Maria

Texto Produzido por Ricardo Fraga para o Documentário Memórias de Maria/Caminhos do Trem.

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